O Brasil está entre os países que mais reduzem a emissão de gases de efeito estufa durante os processos de produção agropecuária, desde o plantio até a colheita. É o que concluiu um estudo divulgado neste mês pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na projeção da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
O relatório analisou a posição do Brasil em diferentes indicadores de sustentabilidade frente a sete grandes agroexportadores: Argentina, Canadá, China, França, Alemanha, Índia e Estados Unidos.
O levantamento do Ipea mostra que, atualmente, com o mesmo volume de emissão gerada há dez anos, o agronegócio brasileiro produz 2,1% mais insumos. Na prática, o estudo aponta que, com a tecnologia atual, “produzir 1kg de alimento no Brasil gera menos emissões do que no passado”.
Em relação à capacidade produtiva da agricultura por unidade de emissão de gases de efeito estufa, o Brasil fica atrás apenas da Argentina, no indicador entre 1990 e 2020.
Nesse período, o Brasil reduziu a necessidade de emissão desses gases em 2,1%, enquanto essa redução chegou a 3,1% no país vizinho. Alemanha e Índia são nações que também figuram nas primeiras posições, segundo o Ipea.
“A população mundial aumentou ao longo dos anos e a demanda por alimentos cresceu também. Consequentemente, de uma forma lógica, é necessário expandir a utilização de terras para a agricultura. Se a gente utilizasse a tecnologia do passado, teríamos que desmatar uma área muito maior de floresta do que estamos fazendo hoje em dia. Isso mostra a importância de adotar tecnologias de ponta”, explica José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho, pesquisador do Ipea.
O chamado efeito poupa-florestas foi outro indicador utilizado para comparar a capacidade dos países de reduzir o impacto ambiental na produção agropecuária. O índice aponta a extensão de terra que o país consegue poupar, por meio de mudanças tecnológicas e técnicas, mantendo ou aumentando a produção de alimentos.
De acordo com os dados do Ipea, nesse quesito, o Brasil lidera o ranking dos países comparados. Em 2020, o índice do território nacional brasileiro foi de 43,2%. Logo em seguida vem a Índia, com 34,5%.
No entanto, na avaliação do Ipea o desempenho indiano esteve associado exclusivamente à produção agrícola, enquanto o brasileiro se explica por ganhos de produtividade na agricultura e pecuária.
Veja o ranking dos países de acordo com o índice poupa-florestas:
>> Brasil (43,2%)
>> Índia (34,5%)
>> Argentina (13,8%)
>> Estados Unidos (8,9%)
>> Canadá (2,5%)
>> França (2,5%)
>> China (1,6%)
>> Alemanha (1,4%)
Recorde da safra
Dados do 9º Levantamento da Safra de Grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que a safra 2022 deve bater recorde, estimada em 271,28 milhões de toneladas.
Em 2020, o país teve a sua maior safra de grãos até o momento, com 257 milhões de toneladas, segundo dados do Ipea. Em 2021, a produção foi levemente menor do que no ano anterior, com 255,5 milhões de toneladas.
Segundo nota técnica do Ipea, o Brasil sofre impacto maior da inflação de alimentos do que o resto do mundo. Enquanto na safra global, a inflação foi de 5,5% no período entre 2020 e 2021, no Brasil, esse número dobra.
De acordo com o relatório, a pressão dos preços acontece por “choques adversos”, como a reabertura das economias pós-pandemia, altos preços do petróleo e energia, guerra na Ucrânia e escassez de insumos vindos da China.